SÉRIE: QUAL TIPO DE EMPRESÁRIA OU EMPRESÁRIO VOCÊ É? #1 – OS MENDIGOS

Por Daubert Gonçalves*

1 – OS MENDIGOS

Claro que toda empresária e empresário buscam a maior economia para sua empresa. Acontece que alguns fazem questão de se demonstrarem os humanos mais desafortunados pelo menos do quarteirão.

A empresária e o empresário mendigos tem por objetivo não apenas conseguir o melhor preço, mas convencer os prestadores de serviço, os fornecedores e outros à sua volta que são dignos de compaixão, que, por exemplo, o prestador de serviço tem que ficar com pena ou dó da situação da empresa, dele e de quem mais este ser maléfico pensa e realizar o serviço 30, 40, 50% mais barato quando não de graça.

A característica principal da empresária e empresário mendigos é a lamentação. Quando estão em negociação querem apelar para o “bom coração” do outro, buscam uma conotação passional onde pensam que são melhores pois, normalmente, se julgam bons moços e boas moças e que o mundo tem obrigação de recompensa-los por isso como se não fosse uma obrigação para com a sociedade.

Não raras vezes, em uma conversa informal, se vangloriam de terem ido passar o final de semana nas praias mais badaladas, tomarem as cervejas mais caras, fazerem passeios fenomenais e, quando vão falar sobre negócios, soltam: “Ah… mas você tem que me ajudar” além, é claro, de querer que o fornecedor ou prestador de serviço trabalhem de graça ou entreguem o produto sem custo para a empresária mendiga ou o empresário mendigo.

É uma característica predominantemente masculina mas quando ocorre na empresária (sexo feminino) visível pois a visita ao cabeleireiro é semanal, as unhas feitas duas, três vezes por semana, calçados caros e na hora da negociação acham que a outra parte tem obrigação de ser bondosa e o preço ser jogado para abaixo do custo por conta de um “coração bom”. No homem normalmente o empresário mendigo fica “chorando” baseado na paz mundial e na bondade divina para regatear preço como se o prestador de serviço ou fornecedor não tivesse conta para pagar e ele, somente ele, fosse o ser que merecesse ganhar dinheiro para sobreviver.

Um comportamento muito típico da empresária e do empresário mendigos é demonstrar fragilidade externa. Isso também é utilizado para que as pessoas do entorno se compadeçam e acabem trabalhando de graça para estes sugadores de energia. Não é difícil de, quando alguém se predispõe a ajuda-los, simplesmente desaparecem e deixam os(as) idiotas trabalhando de graça e sozinhos.

Um argumento muito frequente para a empresária e empresário mendigo é Deus.

Isso mesmo, jogam Deus em tudo que negociação como se o outro tivesse a obrigação indiscutível de entregar o serviço ou produto pela fé. Não são raras as ocorrências em que a empresária e o empresário mendigos literalmente apelam para o divino para tirar proveito do “irmão” ou “irmã”.

Vou exemplificar com uma cena:

Presto alguns serviços há vários anos e comuniquei um cliente um aumento de 5% na mensalidade. Este, por sua vez, soltou um “ÊÊÊÊÊÊ!” sem cerimônia nenhuma. Até aí, pelo tempo de contato e proximidade poderia, até, pensar em período de pandemia, baixa do giro comercial e uma centena de fatores que justificariam o descontentamento não fosse o fato de dois dias antes este mesmo cliente se vangloriar de ter concluído a casa onde gastou mais de 400 mil reais só na construção, de, também, tempos atrás, ter comprado várias cervejas por R$ 25,00 cada long neck e levado a esposa para jantar no Edifício Itália em São Paulo.

Uma outra “ocorrência” que foi até engraçada:

Um outro cliente ficou negociando por vários dias a respeito da construção da comunicação escrita da sua empresa. Depois que passei o orçamento veio comentar que os valores eram altos, que a empresa ia quebrar se contratasse o serviço.

Bem, a empresa em questão produz máquinas para o mundo inteiro, a de menor preço está na faixa de R$ 800.000,00, o lucro por peça ultrapassa os 60% e, durante a conversa, o prestador de serviço que lava carros para ele veio trazer o veículo do “coitadinho” com empresa que não se “aguenta”: Uma Mercedez GLA 200 de 2020 (esta passagem ocorreu em novembro de 2020).

Mais um exemplo:

Vi um prestador de serviço que trabalha com comunicação visual oferecer cartões digitais para empresários. Este cartão é muito útil pois centraliza os contatos, redes sociais, localização e qualquer outro item que seja de interesse da empresa. Pois bem, nesta negociação o “cliente” demonstrou todo seu potencial, que trabalha com uma multinacional, que precisa de um cartão com apresentação para classe A e A+, que na segunda feira, depois da viagem com a família para outro estado, gostaria que o layout de sugestão estivesse pronto para sua avaliação.
O prestador de serviço aprontou três opções para o empresário e na segunda feira, nas primeira horas, enviou os modelos para avaliação do cliente. Na terça, como não recebeu resposta alguma, contatou o “cliente” que disse ter gostado muito do modelo “x” mas que estava estudando a viabilidade de pagamento do projeto.

Cabe aqui meu comentário: O projeto custava R$ 130,00.

Ora! Como assim? O tal “empresário” vomita que trabalha para multinacional, que quer um produto para classe A e A+, que foi viajar para outro estado com a família e vai “estudar a viabilidade financeira” para pagar R$ 130,00???

Minha conclusão: É ser muito mendigo.

Minha sugestão que foi acatada pelo prestador de serviço: Bloqueou no whatsapp e “demitiu” o quase cliente.

Entendam que em momento algum sugeri que estas empresárias e empresários mendigos não mereçam o que é de melhor para eles e para a família, penso sim que se o resultado do trabalho é positivo o dinheiro é para melhorar o padrão de vida mas, indico que este mesmo posicionamento ocorra na negociação, na contratação de serviços e compra de matérias primas e produtos que irão para a empresa.

Os empresários e empresárias mendigos querem economizar “na base”, conseguindo descontos impossíveis através de motivos passionais e de compaixão pela “vida difícil” que levam tocando a empresa.

É uma classe de aproveitadores dos mais hábeis e não se irrite se já caiu na lábia de algum deles, leva um tempo para se afastar deste tipinho pois normalmente são extremamente agradáveis e cativantes.

Claro que é difícil pois esta classe de aproveitadores sociais se comportam como o carroceiro que “consegue” convencer o cavalo com uma cenoura pendurada em uma vara. Mostram o “potencial” financeiro e fustigam impiedosamente para conseguirem o que querem: Tirar proveito do prestador de serviço ou fornecedor com base passional. Estes não possuem escrúpulos para alcançarem o objetivo e percebem o interesse alheio, e é justamente isso que esperam. Se você sucumbir a este tipo de empresário ou empresária esteja certo se este foi seu único negócio no dia o final da conta será negativa.

Qual o remédio: Cliente ruim você deixa para a concorrência.

Se você achou o texto engraçado é porque conhece alguém com esta característica mas, se você ficou irritada ou irritado com o texto é porque possivelmente é uma empresária mendiga ou empresário mendigo. Se quiser mudar isso, me procure que te ajudarei, mas vou cobrar.

Até o próximo “Que tipo de empresária ou empresário você é?”

Daubert Gonçalves

*210529_Daubert Gonçalves é Graduado em Gestão Pública, MBA em Administração Pública e Gerência de Cidades, MBA em Ciências Políticas, Bacharelando em Administração Pública e Auditor Interno ISO 9001/15.