SÉRIE: QUAL TIPO DE EMPRESÁRIA OU EMPRESÁRIO VOCÊ É? # 3 – OS VAMPIROS

*Por Daubert Gonçalves

3 – OS VAMPIROS

A maioria das empresárias e empresários tem a obrigação moral de valorizar seus produtos e empresas gerando a expectativa de solução de problemas para seus clientes, isso não é novidade. Agora, se alimentar da expectativa alheia para poder produzir pelo simples fato de não possuir energia própria isso já é bem diferente.

O grupo de empresárias e empresários que trarei neste texto literalmente “rouba” energia de suas funcionárias, funcionários, fornecedores e prestadores de serviço com suavidade e estratégias que estão muito além do eixo de “normal”.

Quando elas e eles aparecem?

Quando percebem que eles têm algo que pode ser interessante para quem observa. A partir deste momento entram em simbiose de concordância para atrair sua “presa” do momento. Do momento porque se “alimentam” da expectativa de quem se aproximar com a menor cerimônia possível.

O comportamento usual deste tipo de empresária ou empresário é de ser agradável, mas com certa distância. O espaço que estes seres mantêm é a chave de ouro para alcançar seu objetivo detendo uma órbita de pessoas satélites que, atraídas pelo seu “magnetismo” inflam seus egos de utilidade excepcional do meio em que transita.

Não fazem questão de demonstrar a todo instante o que possuem, afinal, este é o trunfo que manterá sua “órbita” de “sedentos” e a centralidade das intenções sobre suas cabeças em um movimento contínuo de absorção simulado de troca justa. Afinal, para quem estas empresárias e empresários trabalham a não ser para si mesmos. Elas e eles não se importam com a empresa, com as funcionárias e funcionários, fornecedores ou prestadores de serviço, seu único objetivo é se satisfazer com a atenção alheia mostrando o objeto de desejo à distância e instigando seus “observadores” a se esforçarem ao extremo para alcançar sem nunca ser entregue.

A sua necessidade de atenção é desesperada ao ponto de, passivamente, até, se demonstrarem frágeis e com melancolia quando o que há para oferecer não atrai a quantidade “suficiente” de expectadoras e expectadores.

Vou exemplificar para esclarecer:

Um determinado empresário conversava com um conhecido que trabalha no ramo de imóveis. No decorrer da conversa citou uma área muito negociável de um parente próximo e que, segundo sua visão, seria um bom investimento para qualquer pessoa que tivesse condições de adquirir a área. O conhecido, que é profissional da área, se interessou, começou a perguntar e a conjecturar possibilidades de contato com os proprietários. O tal empresário continuou a fornecer informações a respeito da tal área, que tinha estrutura próxima, saídas favoráveis para a rodovia mais próxima, futuros pontos de integração com a cidade pela parte anterior das estradas informais que serviam o local, enfim, esboçou todas as possibilidades positivas. O conhecido deste empresário se prontificou a intermediar todas as fases de negociação, apresentação de possíveis interessadas e interessados, enfim, gerou expectativas para uma negociação que seria boa para todas as partes quando, sem o menor aviso, sem a menor cerimônia o empresário se volta para o conhecido e diz: “Ah… é melhor deixar pra lá porque o meu outro parente já está vendo tudo isso”.

É claro que um balde de água fria foi jogado sobre a cabeça do “conhecido” que, até aquele momento, entendia estar iniciando uma boa negociação de acordo com os dados e situações expostas pelo empresário, mas, na verdade, o que o empresário queria era apenas sugar a atenção do conhecido, este foi o único motivo, alimentar e inflar seu ego com importância que, neste caso, nem era dele ou de algo que o pertencia mas simplesmente demonstrar poder com o alheio.

Este é o comportamento médio das “vampiras” e “vampiros” travestidos de empresários que encontramos. Sempre estão com algo que interesse para suas “vítimas” e as envolvem em uma teia de desejos e possibilidades empresariais que, ao fim, serão inatingíveis

Outro modus operandi dessas empresárias e empresários é o pedido frequente e contínuo de propostas comerciais. Este artifício é utilizado normalmente para fornecedores e prestadores de serviço que necessitam negociar para manter seu sustento.

Em face desta situação as empresárias e empresários vampiros ficam aguardando as ligações, e-mails, mensagens de whatsapp até exaurirem toda e qualquer forma de iniciativa de quem procura e pensa que precisa manter algum tipo de relação com estas criaturas nefastas.

Para quem acha que só com o pensamento alheio que o método é corroborado, Adam Smith, pai da economia moderna disse:

“não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu auto-interesse

Esta frase demonstra a alavanca das negociações, mas também deixa muito bem claro que TEM QUE SER uma via de duas mãos. A necessidade de se alimentar ao interesse em fornecer o jantar. Neste caso em particular existe uma necessidade real com um interesse real. A intersecção destes dois fatores resultam em uma negociação clara, leve, objetiva e lucrativa para ambos.

As empresárias e empresários vampiros estupram o equilíbrio desta balança para obter a atenção que, em tese, não está satisfeito dentro de si. Não há limites de ação para alcançarem o quantitativo de atenção que essas criaturas pensam ser suficiente, mas que na verdade, nunca trará alegria e paz. Este tipo de empresária ou empresário são, normalmente, “descoladas” e “descolados” externamente mas nutrem uma grande frustração interna. Em função disso manipulam quem se aproxima precisando de algo que possuem ou que podem auxiliar no contato não apenas para se sentirem úteis, mas para, ao final, interromper o processo e serem “beneficiados” com a frustração de suas presas.

Elas e eles não pensam em sociedade equilibrada, não se surpreendem com um caminhão de mudança baixando a rampa para uma senhora poder chegar no seu carro sem molhar os pés na enxurrada, não compreendem que o real e verdadeiro bem comum deve ser o objetivo do empresariado. Sua compreensão mal vai além do fim da mesa que ocupa e chamam de sua. Não estão preparados para somar, apenas para subtrair dos outros para aumentarem seus saquinhos de moedas mesmo que isso signifique esvaziar ou nada colocar no saquinho dos demais e para que este sentimento não venha à tona colaboram com entidades assistenciais, fazem parte de associações onde “os bons” se reúnem e diluem seu veneno com a sociabilização da culpa posta à mesa de jantares, festas, celebrações de “dias especiais” que camuflam o comportamento sórdido e enganoso.

Uma consideração pertinente é observar que estas empresárias ou empresários vampiros estão, normalmente, dentro de empresas familiares.

Qual o remédio: Para quem trabalha com alguma “vampira” ou “vampiro”: mantenha a distância e não se deixe enredar pelas teias destes seres. Para quem é prestadora ou prestador de serviço ou fornecedora/fornecedor: tenha ciência que precisarão do triplo ou quádruplo de energia para conseguir a metade ou um terço do que pretende inicialmente. O segredo de negociação com estas criaturas é provar que o que está sendo oferecido trará lucro social rápido.  

Se você achou o texto engraçado é porque conhece alguém com este perfil, mas, se você ficou irritada ou irritado com o texto é porque possivelmente é uma empresária “vampira” ou empresário “vampiro”. Se quiser mudar isso, me procure que te corrijo mas atenderei você por vídeo conferência.

Até o próximo “Que tipo de empresária ou empresário você é?”

*Daubert Gonçalves é Graduado em Gestão Pública, MBA em Administração Pública e Gerência de Cidades, MBA em Ciências Políticas, Bacharelando em Administração Pública e Auditor Interno ISO 9001/15.